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III Milênio: A Trajetória da Primeira Ópera-Rock Brasileira

III Milênio: A Trajetória da Primeira Ópera-Rock Brasileira

Formação e Início da Jornada

Em fevereiro de 1985, Gil Vieira (guitarrista e violonista) e Aron Shade (vocalista e ator) fundaram a banda Ano Luz em São Paulo, juntamente com Claudio Môroz (baixista e tecladista). Eles começaram a trabalhar nas composições que dariam origem ao projeto. A banda recebeu o reforço do baterista Armando De Julio em novembro do mesmo ano, e juntos gravaram a primeira demo com as músicas “Guardião de Ecos” e “Guerra das Cabeças”.

Gil e Aron tinham a ideia de criar algo inovador: uma ópera-rock, um conceito inédito no Brasil até então. Inspirados pela mistura de rock com música clássica, começaram a compor uma história que se desdobraria em três atos, planejando três discos. Gil trazia a formação erudita enquanto Aron contribuía com sua experiência em canto coral. Juntos, criavam uma fusão única de estilos.

A Primeira Demo e a Busca por uma Gravadora

Em fevereiro de 1986, a banda gravou a segunda demo, já dentro da ideia da ópera-rock. Com essa demo, começaram a busca por uma gravadora. Pedro Eleftheriou, um produtor de rock progressivo, abraçou a ideia e iniciou a produção da ópera.

No mesmo ano, a banda se apresentou em um festival de rock no Parque da Água Funda, em São Paulo. Apesar do som diferenciado, receberam aplausos pela originalidade. Contudo, descobriram a existência de outra banda chamada Ano Luz no Rio de Janeiro, e mudaram o nome para III Milênio.

Gravações e Lançamento do Ato I

Em 1987, com o novo nome e força total, o III Milênio apresentou a ópera completa no Centro Cultural de São Paulo, atraindo um público entusiasmado. A formação contava agora com Fábio Ribeiro (teclados), Ivan Lion (baixo) e Renato Neves (bateria).

Após algumas mudanças na formação, a banda finalmente entrou em estúdio em 1989 para gravar o primeiro ato da ópera, “Aliança dos Tempos: Ato I – Tawan”. O disco foi lançado em setembro de 1990 pelo selo independente Rock Forever, e o lançamento ocorreu no Dama Xoc, um espaço de shows em São Paulo.

Reconhecimento Internacional

O produtor Marcos Nascimento, através de um intercâmbio com produtores europeus e japoneses, enviou o disco para vários países. O álbum teve uma repercussão muito positiva, sendo considerado um novo estilo de rock progressivo latino. A gravadora francesa Musea Records demonstrou grande interesse e propôs um contrato para lançar um CD incluindo o Ato II como bônus, distribuído na Europa, Estados Unidos e Japão.

Em janeiro de 1991, o CD foi lançado com os dois atos da ópera. O III Milênio rapidamente alcançou o segundo lugar em vendas na Europa, ficando atrás apenas de grandes nomes do rock progressivo como Marillion e Pink Floyd, um feito notável para uma banda independente e com letras em português.

Desafios e Desintegração

Apesar do sucesso internacional, a banda enfrentou dificuldades no Brasil devido à falta de estrutura e apoio. Em 1992, Gil Vieira deixou a banda pela segunda vez, buscando uma carreira solo. Aron Shade e Ivan Lion tentaram manter o projeto, mas não conseguiram dar continuidade. A banda se desfez, marcando o fim de um projeto audacioso e inovador no cenário musical brasileiro.

Legado e Reconhecimento

Ao longo dos anos, o III Milênio ganhou reconhecimento como a primeira banda de “Progressive Metal” no mundo. Seu trabalho é lembrado como um marco na história do rock progressivo, especialmente pela inovação e ousadia de criar a primeira ópera-rock brasileira.

Fontes:

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